Analogo…

Praça das Águas. Campinas / SP. Foto: Arnaldo Silva.

Praça das Águas. Campinas / SP. Foto: Arnaldo Silva.

Já tive vários anéis.
Alguns grossos, finos, outros enfeitados, mas sua maioria de prata.
Não gosto de ouro.
Não consigo usar relógios, correntes ou pulseiras.
Mas adoro anéis.
Acho que combinam comigo, como uma parte da minha característica.

Tem um que esta comigo a quase um ano.
Lembro do dia que o possui.
No meio de tantos, la estava ele!
Imponente, brilhante, ofuscando todos os outros.
Mas também delicado e formoso.
Não me deu a menor possibilidade para que eu não o possuísse.
De tanto uso, cheguei a acreditar que fizesse parte de mim.

Hoje deixei de usa-lo.
Foi um dia estranho.
Senti que algo me faltava, como se estivesse incompleto.
Alguns perceberam, chegando a perguntar onde estava meu anel que jamais me abandonava.
Aquele brilho distante quase ofuscando a todos, mesmo longe, fez com que alguns se aproximassem de mim como se eu fosse uma pessoa normal, sem a proteção, o zelo, o cuidado, a aura do anel.

Como gostamos de classificar ou rotular as pessoas.
Mesmo através de um simples anel.

Mas, de repente, também me vi sem o anel.
Me senti leve, aberto a novas opções ou simplesmente não mais querendo portar o referido anel.
Compreendi a todos e também o eu que habita em mim.

Feliz Aniversário…

Eu.

Eu.

Versão original escrita em 27/06/2010.

Tenho um nome simples com um sobrenome muito popular no Brasil. Descendo de portugueses e índios. Sou natural de Pitombeiras, um distrito da cidade de Beberibe no Ceara. Sou Brasileiro. Sou Católico Apostólico Romano. Já tomei passe, recebi oração, participei de terço, novena e romaria. Meu numero da sorte é o 4, mas pode ser também o 7 ou qualquer um que me faça ganhar na mega-sena. Gosto do azul, preto, amarelo e verde. Dependendo da ocasião um branco e um azul vai bem. Já li um livro com 1372 paginas e hoje leio mais ou menos o Já e o Metrô. Gosto de macarrão, feijão, arroz, ovos e bife. Junto ou misturado. Não gosto de ketchup e mostarda. Já tive uns seis apelidos, mas estranhamente não pegaram. Ainda chamo minha mãe de mainha. Torço para o São Paulo. Gosto muito da Ponte Preta e espero que o Guarani não caia ou que suba. Meu filho é Palmeirense e minha filha Bugrina!

Sou Heterossexual.

Meu CBO atual é 0-83.30. Já fui Office-boy, entregador de leite, servente de pedreiro, auxiliar de laboratório, operador de produção, auxiliar administrativo, técnico de informática, analista de suporte, professor, auxiliar de produção, catador de cobre, sorveteiro, assessor, guardinha e peregrino. Não. Peregrino é outra coisa. Peregrino, neófito, impuro, ímpio, cachorro, leigo, cafajeste, idiota, meu amor, minha vida e meu querido, foram alguns títulos que já recebi. Tenho RG, CPF, PIS, Reservista, Ctps, cartão cidadão, convenio medico, odontológico, conta bancaria e carteira de habilitação.

Minha pressão é mais ou menos 14 por 9. De tempos em tempos tomo Atenolol 50 mg e Clortalina 12,5 mg.

Tenho um dente falso e não como melancia, pepino, abobora e nem mortadela. Não uso o Photoshop nas minhas fotos. Faço IRPF todo ano sempre revoltado com nosso Congresso. Já Votei no Antonio Ermírio de Moraes para Governador, no Helio, no Lula e em branco. Sempre chego na Zona que voto com vontade de anular. Sou do signo de câncer e não sei nada do ascendente ou do descendente. Espero o perdão divino, pois dos 10 mandamentos não resisti a 5. Gosto do Roberto Carlos, Guns e Chico Buarque. Mas dá pra ouvir Ana Carolina e o Zezo, o Príncipe dos Teclados. Tenho centenas de musicas em .WMA, MP3 e MP4. Gosto das montanhas, mais do que praia. A temperatura ideal do mundo, por mim, seria 21º graus.

Meu sangue é O +.

Tenho 4,5 de miopia. Calço 42, visto calcas 46 e camisa 4. Sou eleitor. Tive meu nome no Serasa, Cadin e outros SPC´s. Para a prefeitura, infelizmente, sou apenas um contribuinte com numero. Meu nome no Google revela parte da minha vida acadêmica e de blogueiro. Meu ultimo atestado médico tinha o CID 10 – G43.0. Já tive registro também na JUCESP. Tinha um cartão de fidelidade de algum lugar que joguei fora. Onde trabalho tenho uma matricula. Já tive quase uma dezena de RAs. Mas, considero apenas os que me deram o CRA e o titulo de MBA importantes. Tenho Orkut, Facebook, MSN, Twitter, E-mail e Blog. Já tive perfil no Linkedin, Mypace, Flickr, Second life, Icq e em uma centena de emails grátis e hosts de blogs. Já usei modem com linha discada, Wordstar, Lotus 123, SuperCalc e dBaseII. Acha pouco o castigo? Ta bom. Usei também DOS e CP/M. Minha casa tem um numero e fica em uma rua, que por sua vez esta em um bairro da cidade de Campinas com seu respectivo Cep. Tenho código do consumidor na Sanasa, CPFL, Net e Congas.

Hoje tenho mais ou menos nove senhas eletrônicas.

Para fazer ligações tenho também que digitar uma senha. Já fui cliente da Claro, OI, Tim e Vivo. Também da Telesp e da Telefônica. Quando vejo TV sintonizo o canal 12 e 10. Quando dirijo sintonizo no rádio a 99,1 e 103.5. As vezes fico em duvida se no pneu do meu carro vai 28 ou 30 libras. Quando dirijo fico p. da vida com radares de 40, 50, 60 e 70 Km/h. Mas brabo ainda fico pagando estacionamento de shopping a R$ 5,00. Preciso de uma lente 15-200 mm. Nunca namorei uma japonesa! Não gosto de pentear o cabelo, passar creme, fazer a barba e usar sapatos. Também sou escravo de um banco com juros abusivos, taxas e um cartão de credito que me sorri para cobrar 15% ao mês. Tenho um carro velho que me faz pagar IPVA, seguro obrigatório, pedágio, multas e consumir uma gasolina cheia de impostos, além de normalmente ser batizada. Tenho carteira de motorista AB e um RENAVAM no meu nome. Tenho registro de nascimento, batismo, crisma e outros…

Nasci no dia 27 de junho de 1969. Há 43 anos. Feliz Aniversário para mim. Rs.

Quatro Estações…

Miniatura de uma estação de trem. Santiago do Chile. Foto: Arnaldo Silva.

Miniatura de uma estação de trem. Santiago do Chile. Foto: Arnaldo Silva.

Vou indo. Para mim, o dia nasceu muito cedo. Esses dias que ventam, faz calor, chove e se der tempo, ainda faz um friozinho. As quatro estações em um único dia. É muito para mim. Sinto que já vivi muitos dias neste dia que se finda. Fiz tanta coisa hoje que chego a pensar que o que fiz de manhã foi feito na semana passada. A vida vai tomando essa forma. Uma sequencia de coisas sem importância que chega a ser tendenciosa a uma rotina que consome os dias e quando nos damos conta, o ano já foi embora. O bimestre já foi. O trimestre também. O semestre ta perto de acabar. Essa coerência não me agrada. Meu ser se perdendo dentre pequenas obrigações que não levam a nada. Amanha ja é quinta e logo sera sábado, portanto preciso olhar para o céu azul. Estou com saudades do céu azul! Tentar ouvir algum pássaro. Por meus pés em alguma grama. Estou muito artificial. Tendendo ao superficial. De alguma forma preciso louvar a Deus… Sentir mais vez seu manto sagrado sobre mim. Um ótimo fim de semana a você leitor…

Sagrado…

Largo da Catedral. Campinas/SP. Foto: Arnaldo Silva.

Largo da Catedral. Campinas/SP. Foto: Arnaldo Silva.

Resolvi adotar uma postura positiva em relação aos problemas que me cercam. Estou melhor, mais feliz e com alguns problemas caminhando para resolução. Talvez tenha sido contagiado pela beleza extraordinária deste dia ou pelo fato de que diante de qualquer dificuldade não resta nada a não ser enfrentá-la. Uma posicionamento baseado na racionalidade lógica, pois se nos encontrarmos num quarto totalmente escuro onde não conseguimos encontrar a saída, o melhor é ascender um fósforo. Embora a luz seja rápida, possibilitara encontrar a saída, sendo melhor do que ficar lamentando a escuridão. Não há melhor solução para um problema do que um posicionamento transparente e lúcido sobre onde estamos, onde poderemos chegar a médio e longo prazo. Também direcionei meus pensamentos para o sagrado para que de alguma forma meu ser encontrasse algum tipo de harmonia.

Igreja Senhor do Bonfim. Salvador. Bahia. Foto: Arnaldo Silva.

Igreja Senhor do Bonfim. Salvador. Bahia. Foto: Arnaldo Silva.

De tempos em tempos a televisão brasileira, ou a Globo que representa isso da melhor forma, nos premia com produções excepcionais. Poderia citar vários exemplos, mas vou ficar com os Maias. Que prazer incomensurável essa minissérie. Agora a adaptação da obra do nosso querido Jorge Amado, Gabriela. Um passeio pela Ilhéus do inicio do século passado, com sua cultura de cacau, coronéis e um distanciamento dos que mais podem dos que estão sempre em estado de miséria. Tudo de bom foi disponibilizado para a produção, desde excelentes atores, o câmeras, figurino, cenários, tecnologia até um horário onde o enredo possa ser melhor adaptado. Para quem leu parte da obra do amado Jorge, sabe que os personagens representam parte do que somos, com suas historias simples, mas de grande riqueza. Como telespectador torço para que seja um sucesso, para que assim novas adaptações da literatura brasileira, possam ser levadas para a televisão, atingindo assim um maior números de pessoas, embora nada disso substitua o velho e bom livro escrito na velha maquina de escrever do Jorge.

Decor…

Iperó - Socoracaba - SP. Foto: Arnaldo Silva.

Iperó – Socoracaba – SP. Foto: Arnaldo Silva.

Assim, de repente, sem muito planejamento fomos visitar o Campinas Decor. Algo fora do que aprecio, mas as vezes é preciso experimentar ou se permitir novas interpretações, seja de um lugar, evento ou até de alguém. A organização do evento já poderia ser elogiada pelas placas indicativas para se chegar ao lugar e também pela ordem e disposição dos stands, mas para por ai. O pecado original foi a escolha do lugar e também sua melhor escolha pode ser considerado sua redenção! Que dualidade: o melhor local fica no fim do mundo perdido entre Sousas e Joaquim Egidio. Uma fazenda belissima com amplo espaço para abrigar adequadamente os quase cinquenta stands recheados de novidades do mundo da decoração. Mas, o local limitou em muito o acesso de muita gente ao evento, que pode ser considerado arte em forma de móveis e objetos decorativos. Mas, vendo tudo aquilo disposto de forma ordenada, pude mais uma vez perceber o quanto o ser humano é capaz de transformar o ambiente que vive, ainda que seja uma simples caverna. Parabéns Campinas Decor!

Eu e os outros…

Cavaleiro Solitário. Santiago do Chile. Foto: Arnaldo Silva.

Cavaleiro Solitário. Santiago do Chile. Foto: Arnaldo Silva.

Para alguns sou uma lembrança, algo ali entre o presente e o passado. Se não fizer algo, serei realmente um ponto distante em algum dia sem data certa. Isso pode me ser útil, mas é triste. Não ter disponibilidade para ser presente e futuro é algo que pode me transformar em alguém insensível. Para outros sou presente, mas não um presente com passado. Um presente construído em uma conversa, um favor, um olhar, um relacionamento profissional.

Se questionado, talvez ninguém saiba nada sobre o que me fez até o presente. O que sou é reflexo do meu passado remoto que talvez esses outros não saibam. Mas para poucos, sou um presente com passado. E esse passado chega a pesar tanto que ofusca quem sou no presente. E acabamos visualizando alguém que existe em função deste passado. Então mesmo presente sou passado. Um ou outro, me vêem como futuro. E como futuro sou uma incógnita, pois meu presente não afirma meu futuro. Assim sendo, para um ou outro, sou uma promessa.

Talvez uma promessa de ser presente ou de ser um bom passado. É um desejo mutuo, pois hoje eu não quero ser presente e dessa forma torno impossível existir um passado, restando apenas a esperança de ser futuro. Graças a nossa capacidade de remodelar o passado, posso ser futuro a partir desta releitura. É frágil, mas é possível. De qualquer forma, gostaria de ser presente de todos no futuro.

O Deserto dos Tártaros…

Cemitério Municipal. Jundiaí - SP. Foto: Arnaldo Silva.

Cemitério Municipal. Jundiaí – SP. Foto: Arnaldo Silva.

Dino Buzzati

“O tempo entretanto corria, sua batida silenciosa marcando cada vez mais precipitadamente a vida, não se pode parar um segundo sequer, nem mesmo para olhar para trás.

“Pare, pare!” se desejaria gritar, mas vê-se que é inútil. Tudo se esvai, os homens, as estações, as nuvens; e não adianta agarrar-se às pedras, resistir no topo de algum escolho, os dedos cansados se abrem, os braços se afrouxam inertes, acaba-se sendo arrastado pelo rio, que parece lento, mas não pára nunca.

Dias após dia Drogo sentia aumentar essa ruína, e em vão tentava estancá-la. Na vida uniforme do forte faltavam-lhe pontos de referência e as horas lhe fugiam antes que ele conseguisse contá-las. Havia também a esperança secreta pela qual Drogo dissipara a melhor parte da vida. Para alimentá-la, sacrificava levianamente meses e meses, e nunca era suficiente.”

Dias corridos…

Igeja em Salvador - Bahia. Foto: Arnaldo Silva.

Igeja em Salvador – Bahia. Foto: Arnaldo Silva.

Todos os dias existem. Até aquele que você sonha todo dia. Um dia ele vai chegar. Pode demorar um ano, dois ou até uma semana, mas você irá acordar e se dara conta de que o tão desejado dia chegou. Talvez seja o dia para começar algo ou para terminar. E esse dia; essa data lhe dara a possibilidade de determinar isso. Simples assim.

O ser humano é assim: precisa de datas, limites, projeções, variáveis e um sem numero de coerências para que efetivamente se permita. Então, de repente, se da conta de que a vida é uma só e passa muito rápido, ainda mais com a forma que vivemos. Quando olha um calendário espanta-se momentaneamente com o avançar dos anos, dos dias, principalmente do tempo que passou… daquele dia que poderia ter feito isso ou aquilo… mas que não foi realizado por que estava-se esperando algo que não aconteceu, não veio, não foi possível… uma coisa anulando outra. Então o que nos resta? Estabelecer um novo dia! Semana que vem, pode ser… quem sabe no próximo mês… mas um novo dia onde será possível realizar aquilo que ansiamos! Um dia para que finalmente possamos dar inicio aquele projeto ou sonho ou quem sabe ao fim de algo que nos aprisiona, seja fisicamente, financeiramente, espiritualmente ou emocionalmente. Seremos donos, então, do nosso destino, porque a partir desse dia, decidiremos o que fazer. Esse dia será esperado e demarcado com uma data especial.

Esse dia vai chegar. Pois todos os dias existem.

Coisas esquecidas…

O amor é o calor. Espaço Edding. Campinas - SP. Foto: Arnaldo Silva.

O amor é o calor. Espaço Edding. Campinas – SP. Foto: Arnaldo Silva.

Autor: Letícia Thompson

Coisa boa é o tempo de namoro. Tempo quando sentimos que somos importantes. O outro preocupa-se, telefona, faz carinho, diz coisas ridiculamente lindas ao nosso ouvido, faz surpresas, dá a mão e beijos intermináveis. Mas a longa convivência vai apagando aos poucos o essencial de um relacionamento.

Acostuma-se tanto ao outro que certas coisas perdem o sentido. Esquece-se do beijo na saída e na chegada. E… de antes de dormir. Esquece-se do abraço bem apertado que diz tanto sem dizer nada. Esquece-se de datas importantes e comuns aos dois. Esquece-se de andar lado a lado. Esquece-se do te amo, do estou feliz porque tenho você. Esquece-se do poder de uma flor. Esquece-se… do namoro! Fala-se do passado como do bom tempo. Mas… passado!

E as pessoas surpreendem-se por viverem tão afastadas vivendo juntas. Um se deita mais cedo, o outro mais tarde; um se levanta, o outro fica. Culpa de quem? Dois dois. Quando há um problema entre um casal a culpa é fatalmente dos dois lados. Uma coisa conduz a outra. E muitos casais seguem assim.

Juntos, apesar de tudo, cada um do seu lado sofre interiormente de solidão. Cada um sonha, secretamente, com emoções esquecidas, com grandes paixões. E ninguém pensa em reacender a brasa. Ninguém pensa em reconquistar o que se tem, justamente porque se tem. Mas há tanto que pode ser feito! Lembre-se das coisas esquecidas! Lembre-se do início.

O que foi mesmo que te conquistou no outro? Inversamente, pense no que foi em você que conquistou o outro coração. Reaviva a chama! Nunca permita que o essencial morra por causa de trabalho, estresse, filhos e atividades extras. É essencial estar juntos. Mas, mais que isso, amar juntos de amor inteiro. É preciso cuidar do amor como se cuida de algo frágil. A pessoa amada não faz parte dos móveis da casa.

Cuide dela e cuide-se.

Antes que a vida a dois caia no esquecimento. Não se esqueça de lembrar-se das coisas esquecidas! Amor não é só coisa para os jovens não. Paixão faz bem em qualquer idade. Carinho nunca é demais. Atenção cativa. Reaprenda a amar aquela pessoa que um dia fez bater seu coração mais forte. Muitas coisas podem ficar esquecidas. Mas o amor, ele mesmo, nunca se esquece! Feliz dia dos namorados!